RECUSA
Quando mergulho no lago
Que vejo no teu olhar,
Vou suplicando um afago
Que te recusas a dar.
Percebo angústias passadas
Nesse olhar distante e vago,
E agito as águas paradas
Quando mergulho no lago
Procuro em ti a ternura
Que já deixaste secar
E perco-me na lonjura
Que vejo no teu olhar.
De sempre me olhares sem ver,
A mágoa em meu peito trago.
Antes de tudo perder
Vou suplicando um afago.
Meu coração não se cansa
De tanto te mendigar,
A derradeira esperança
Que te recusas a dar.
(Orlando Fernandes in Fronteiras do Sonho)